terça-feira, 1 de janeiro de 1985

A grande história de Spectreman no Brasil e no mundo



"Planeta: Terra. Cidade: Tóquio. Como em todas as metrópoles deste planeta, Tóquio se acha hoje em desvantagem em sua luta contra o maior inimigo do homem: a poluição. E, apesar dos esforços das autoridades de todo o mundo, pode chegar um dia em que a terra, o ar e as águas venham a se tornar letais para toda e qualquer forma de vida. Quem poderá intervir? SPECTREMAN, MAN, MAN, MAN!!!"

E assim, com esta frase apocalíptica, começava um dos tokusatsus, mais populares no Brasil, no Japão e, inclusive, nos EUA. Spectreman, no Brasil, foi uma das séries que abriu as portas do universo tokusatsu para muitas crianças, na década de 80 (entre elas eu), quando foi exibido no programa do Bozo. Alguém lembra disso?! Pois antes que vocês digam que eu sou velho, gostaria de avisá-los que Spectreman foi originalmente exibido por aqui, pela Rede Record no final da década de 70, só que não obteve grande sucesso na época. No Japão, foi exibido originalmente entre 2 de janeiro de 1971 e 25 de março de 1972, pela TV Fuji, em um total de 63 episódios, rivalizando com o já consagrado ULTRAMAN (no caso, disputava a audiência com “O Retorno de Ultraman”), causando o segundo grande “Boom” dos seriados de monstros, na Terra do Sol Nascente. Este tokusatsu, também foi exibido nos EUA em outubro de 1978, tendo todos os episódios dublados e exibidos, obtendo um grande sucesso por lá (coisa difícil para um seriado japonês). Uma mudança para encaixar a série nos EUA foi a música tema do personagem, que substituiu a original na abertura e nas cenas de luta do herói (sendo a mesma que foi exibida aqui no Brasil, que, pessoalmente, acho muito melhor). Outra mudança na edição norte americana, foi a retirada de algumas partes consideradas violentas demais para as crianças americanas. Spectreman foi exibido também, com grande sucesso, na França.

A criação do herói foi bastante curiosa, já que surgiu da ideia de se criar um programa onde monstros macacos alienígenas teriam o papel principal, isso em 1970 (dois anos depois da produção do grande sucesso “O Planeta dos Macacos”. Alguém notou certo ar de inspiração?). Feito pela P-Productions, foi gravado um piloto de 8 minutos intitulado: “Choujin Elementman”, onde o personagem tinha um uniforme todo vermelho e preto, e uma máscara que mostrava a boca do ator. Neste piloto não tinha o famoso Dr. Gori, apenas o Karas. A TV Fuji aceitou a ideia, só que exigiu algumas alterações (como a máscara, que deveria cobrir todo o rosto do ator). Assim estreava Uchu Enjin Gori (Gori, o Homem Macaco Espacial)... Ahn?! Como assim?! Calma... Lembram quando disse que a ideia era um programa de monstros macacos, blá, blá, blá... Pois é. Mas esse título não agradou aos fãs, e após alguns episódios o nome muda para: Uchu Enjin Gori Versus Spectroman, e a partir do episódio 40 fica apenas Spectroman (sim, Spectreman é o nome internacional). A bem da verdade, Spectreman foi uma série com um baixíssimo investimento, principalmente nos efeitos (ou “defeitos”) especiais, causada pela falta de tempo na produção dos primeiros episódios e graças as mudanças pedidas pela TV Fuji.

No Brasil, Spectreman ganhou força quando foi exibido na TVS (SBT hoje em dia), mais precisamente em 1986, ficando no ar até 1989, quando perdeu espaço para os novos tokus que estreavam na extinta Rede Manchete (adivinhem quais?!), tornando-se um Cult nos dias atuais. Spectreman é um marco para muitos, pois significa, simplesmente, o grande herói e referência de muitos marmanjos fãs de tokusatsu até hoje.

Spectreman envolve muitas curiosidades na produção após seu lançamento mundo a fora. Vamos a algumas delas:


- Quem assistiu, percebe que os efeitos especiais eram “toscos” demais. Uma dificuldade era produzir as explosões, que eram feitas artesanalmente (era possível perceber que não passavam de álcool pegando fogo). Aviões de plástico, réplicas de carros e caminhões nas cenas de destruição, eram bastante comuns.

- A produção dos raios também era um grande problema. Os feixes de luz emanados eram feitos com a técnica de raspagem do negativo do filme para criar um desenho semelhante a um raio, quadro a quadro e, às vezes, o recurso era abandonado, onde apenas ouvia-se o som do disparo dos lasers das armas.

- E a mais clássica: o boneco de plástico voando, pendurado em cordinhas.

- O ator Tetsuo Narikawa (Kenji), era um carateca experiente, mas esse fato não foi explorado pelos produtores da série. Ele foi, inclusive, fundador e presidente da liga nacional japonesa de karatê (faleceu em 1º de janeiro de 2010).

- Spectreman ganhou uma versão em mangá com nove volumes, produzida pelo próprio criador, Souji Ushio. Em 1986, a extinta Bloch Editores lançou em quadrinhos a versão nacional, não autorizada da série, intitulada Spectreman.

- A dublagem no Brasil, foi um dos grandes destaques da série, pois possui vários diálogos criativos, engraçados e bordões inexistentes na versão americana (utilizada como base para a dublagem). Muitos dos dubladores seriam os mesmos do seriado Chaves (um exemplo é a voz de Carlos Seidl, o Dr. Gori/Seu Madruga).

Kleber João Amorim (Change Pegasus)




Se quiser assistir Spectreman clique aqui para ir à página de downloads.

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